Voilà, agora é assim que começarei meus posts, direto da cidade-luz. Já até alterei a cidade na home do blog, notaram? Chique! Pois bem leitores e leitoras, cá estamos nós de mala e cuia em Paris. Meu marido, meu filhote e eu. Deixamos tudo para trás em São Paulo para recomeçar novamente na França. Tudo aconteceu tão rápido que não deu tempo de atualizar vocês. Vida nova em Paris.
Visitei a cidade em três ocasiões, e em todas elas senti algo dentro de mim que não consigo explicar. Uma atração irresístivel, uma encantamento surreal, uma vontade absurda de me embebedar em sua estonteante beleza arquitetônica, em seu patrimônio artístico e riqueza cultural. Vontade de ser o Owen Wilson no filme “Meia-noite em Paris” e me transportar para uma época em que a cidade era o centro cultural e intelectual do mundo.
Eu caí de amores por Paris desde a primeira vez em que pisei os pés nela. Sim, meus olhos encheram de água quando cruzei a Ponte Alexandre III pela primeira vez, ou quando desci a Champs-Elysées à noite em plena época de Natal; ou quando caminhei e me sentei no Jardin des Tuilleries. Apesar disso nunca pensei de fato que um dia seria residente nessa que é considerada uma das cidades mais lindas e glamorosas do mundo. Foi uma surpresa total, não planejei nada. Adoro as reviravoltas da vida 🙂 Sempre imaginei como seria a vida aqui, mas era só um pensamento distante. Será que nosso inconsciente trabalha à nossa revelia? Parece que sim.
Aconteceu que no comecinho de julho perdi meu emprego em Sampa. Fiquei mega chateada, pois adorava meu trabalho na eduK. Em poucas semanas comecei a fazer entrevistas de emprego para vagas na Alemanha e na Suíça. Ser casada com um cidadão europeu me dá o direito de residir e trabalhar em qualquer país da União Européia onde meu marido decida fixar residência. O plano era voltar para a Suíça, ou no máximo ir morar em Munich, terra do Erik.
Enfim, o tempo passou e, apesar das boas perspectivas, nada de concreto rolava. Um dia vi uma vaga na área de comunicação em Paris, assim por acaso, que pedia uma pessoa bílingue português brasileiro/inglês. Resolvi me candidatar sem nenhuma expectativa. E foi justamente essa vaga que deu certo. Em dez dias eu tinha feito três entrevistas por telefone e respondido a vários e-mails. Eles me ofereceram o trabalho. Eu aceitei. Paris.
Isso era comecinho de setembro. Aí começou a correria para vender coisas, alugar nosso apartamento em SP, cancelar isso e aquilo, burocracias mil e voilà: chegamos à França há duas semanas. Tem sido uma loucura, pois estamos num apartamento temporário, temos de lidar com a parte burocrática para estabelecer residência no país, tudo é novo para o nosso filho… Enfim, temos muito o que fazer.
Estamos felizes e certos de que fizemos uma boa escolha. Nosso baby vai crescer trilingue (português, alemão e francês), e só esse fato já valeria qualquer mudança. Ainda falta achar apartamento, comprar móveis, instalar telefone etc. Falta tudo, ha ha! O que será que o futuro nos reserva aqui? Só o tempo dirá. Em outubro de 2014 eu estava em São Paulo começando num trabalho novo, e jamais, nem nos meus sonhos mais loucos poderia imaginar que um ano depois eu estaria morando em Paris. De uma coisa eu tenho certeza: vou tentar tirar proveito de tudo aqui o máximo que eu puder, viver Paris em sua plenitude não apenas morar em Paris. Vai saber onde estaremos daqui, dois, três, cinco anos?
Abaixo algumas fotos dos primeiros dias (tiradas com iPhone, desolé), e numa delas meu filhote e eu.
Preparem-se, pois Paris vai agitar esse blog.
bisous
Continuando com o relato começado no post “Trabalhando em um showroom de luxo em Paris, parte I, durante meu estágio no showroom Diane von Furstenberg trabalhei muito, mas muito mesmo. Eu fiquei responsável pelo “replanishing”, o que nada mais é do que organizar as coleções de roupas e acessórios no salão para que estejam sempre em ordem e bonitas. Vestimos as modelos num pequeno quarto, daí elas vão para o salão desfilar para os clientes, voltam, trocam de roupa e é assim o dia todo. Passei o dia inteiro levando roupas, sapatos, bolsas e acessórios do quarto de troca para o showroom correndo, pois as araras não podiam nunca estar vazias! E detalhe: cada peça de roupa ou acessório tinha um número e uma letra do alfabeto, sendo que a letra correspondia à arara e o número à ordem em que a peça deveria ser disposta na mesma. Imaginem o inferno de ter 50, 60 peças jogadas no chão, salão cheio de compradores, araras semi-vazias e você tendo de correr com tudo, olhar número, letra, achar a arara correta e colocar tudo em ordem cartesiana. Ufa! Cansei só de lembrar! Eu começava a trabalhar às 8h da manhã e só parava lá pelas 20, 21h, sempre em pé e correndo. Ajudei a vestir modelos, fiz o “replanishing”, às vezes ficava responsável por fazer café e chá e servi-los aos clientes, fazer bandeijinhas com macarrons e doces para os clientes e para o pessoal de vendas. Em alguns momentos me sentia tão cansada que pensei em desistir, e por vezes pensava o que uma pessoa com a minha formação e diplomas estava fazendo ali, trabalhando de graça em algo bem abaixo do meu nível profissional. Mas na Europa, ao contrário do Brasil, esse tipo de trabalho é super bem visto mesmo em quem tem mestrado e fala línguas. As pessoas valorizam muito experiências pequenas. E como o grau de educação na Suíça é elevadíssimo, com montes de jovens poliglotas e com mestrados em boas universidades no currículo, é normal ver garotas trabalhando de vendedora em uma boutique de joalheria pequena ou até mesmo lojas de grife apredendo os macetes da venda direta ao consumidor, marketing, administração e manutenão de um ponto de venda no mercado do luxo como primeira experiência profissional no setor. Enfim, um exercício de humildade. Enquanto no Brasil ter um excelente currículo na área de business ou comunicação e trabalhar em uma loja seja sinônimo de fracasso ou “falta de sorte” no mercado, aqui isso é visto como experiência válida e necessária, principalmente para quem almeja uma carreira nas citadas áreas. Na Suíça, ter uma boa formação é importante, mas desenvolver habilidades diversas em áreas diferentes da formação acadêmica é ainda mais, pois toda experiência é bem-vinda e bem aceita no mercado. Assim eu, com diploma em jornalismo e mestrado em mídia e comunicação em umabusiness school privada suíça, adicionei valor ao meu CV ao aceitar trabalhar de graça, por 10 dias, como estagiária de showroom de moda. Na visão das pessoas aqui, isso é prova de mente aberta e uma boa oportunidade de aprender algo a mais sobre uma área diferente da minha, lidar com pessoas e exercitar habilidades de comunicadora. Queria que no Brasil também tivéssemos essa mentalidade! Que o nosso mercado de trabalho conseguisse enxergar além do diploma, que valorizasse a experiência extracurricular e que os gerentes de RH conseguissem exergar que mesmo sendo graduado em administração, o sujeito só tem a enriquecer seu currículo com um estágio de verão no setor de música ou mesmo de moda, por exemplo.
Metrô de Paris
Experiências assim enriquecem o vocábulario, ampliam horizontes e contatos profissionais e, no fim das contas, dão uma visão global de como a área funciona. Um contador que trabalha para uma confecção de moda certamente será um profissional melhor se entender como funciona um ponto de venda ou qual a dinâmica envolvida na preparação de uma ação publicitária. Não falo do cara que pretende tudo saber, mas do sujeito que é especialista em sua área, mas tem visão global do negócio para o qual trabalha. Isso, na Suíça, conta muitos pontos no currículo. É por isso que, se para nós brasileiros ter “n” diplomas, falar línguas e isso e aquilo e fazer um estágio numa mera loja signifique desvalorização profissional, para os jovens aqui é apenas um começo de carreira. Mas voltemos ao showroom. Trabalhe e shut up No terceiro dia de showroom rolou uma reniãozinha a noitinha com a gerente de vendas, que estabeleceu algumas normas para o trabalho dos estagiários. Levantei a mão no fim da reunião para fazer uma pergunta. Apenas perguntei a mesma se ela era gerente de vendas, pois seu cargo não havia ficado claro para mim no inicio da reunião. Juro, eu só queria estabelecer um contato, pegar um cartão de visitas… fazer um networking. Fiquei revoltada quando a mesma me disse: “Sim, sou a gerente de vendas. E agora por favor, sem mais perguntas!”
Me perguntei seriamente o que eu estava fazendo ali.
Eu aceitei esse trabalho tendo em mente que seria uma boa oportunidade de ter uma experiência – curta que fosse – no mercado do luxo (altamente segmentado, difícil de entrar, mas com boas oportunidades profissionais), e já que a equipe de vendas e marketing estaria no local todos os dias, quem sabe eu não poderia acompanhar alguns projetos de vendas, aprender um pouco sobre negociação nesse mercado, relacionamento com esse tipo de cliente de alto nível de exigência e uma olhada geral no marketing voltado a essa área. Devo dizer que nada disso rolou, pois ficamos tão ocupados em manter o showroom apresentável e em vestir as modelos com os looks escolhidos pelos clientes, que não foi possível essa interação profissional. Aprendi muito sim, mas em outras áreas.
Eu, na Place des Vosges
O fato é que, mesmo se houvesse tido tempo, o pessoal da Diane von Furstenberg no showroom em Paris não estava nem um pouco interessado em compartilhar nada. No fim das contas, eles mascaram esse trabalho com o nome de estágio simplesmente por que precisam de alguém para cuidar de tudo, não têm orçamento ou não querem pagar. Assim atraem jovens recém-graduados, interessados em moda e dispostos a aprender. Técnica de muitas empresas, aliás. Almoço rolava tarde, isso quando não tinhámos que nos contentar com lanchinhos. E só conseguíamos almoçar depois de muito insistir…. E as modelos coitadas! No salto alto o dia inteiro, fazendo trocas de roupas a cada cinco minutos, morrendo de fome e tendo de fazer carinha de feliz. Todas as meninas reclamaram do atraso do almoço e da falta de pausa para descanso. Nos momentos de pouco movimento, eu ia à cozinha e preparava bandeijinhas com lanchinhos e doces e levava para as modelos. Nessa hora a gente sentava no chão mesmo para descansar as pernas e conversar sobre qualquer coisa. Teve uma modelo francesa que reclamou geral (e com toda razão) das condições de trabalho e da falta de comida. E quando o almoço chegou nesse dia, veio frio e não tinha microondas. A garota reclamou, ficou puta da vida. Resultado: pasmem! foi mandada embora no dia seguinte. Achei o cúmulo.
Eu, no showroom, cara de exausta
O saldo é positivo No fim das contas, o saldo foi positivo. Nesses vários dias aprendi um pouco sobre como lidar com pessoas e com suas exigências, estresse e situações de pressão. Aprendi sobre como um showroom funciona, como dispor roupas e acessórios para atrair a atenção do comprador e realçar as qualidades dos acessórios. Aprendi o que é um lookbook e a importância dele na hora de vender para lojas no mundo inteiro. Achei essa parte bem legal, pois tudo o que se faz num showroom nada mais é do que o marketing em estado bruto. É a venda de sonhos e conceitos que vai gerar a venda física do produto. No showroom você precisa vender o conceito da coleção para que o comprador entenda e “compre” a idéia para, mais tarde, vender a coleção em sua própria loja, em seu país de origem. A coleção precisa ser entendida por quem vai revende-la. Foi também muito bacana ver de perto as criações de uma estilista de ponta, aprender sobre essa coisa de inspiração, conceito das coleções, cores usadas e público-alvo. E o melhor de tudo foi ver o grande business por trás do glamour das belas fotos de coleções de roupas em revistas. Da criação dos croquis às campanhas de vendas B2B (business to business, ou seja, de empresa para empresas pois é isso que se faz num showroom), existe toda uma cadeia profissional, que além de movimentar milhões em dinheiro, emprega muita gente qualificada e movimenta a economia. O melhor de tudo foi que… …Eu me esbaldei em Paris! Terminei meu trabalho dois dias antes do prazo por não aguentar mais o cansaço de passar 10, 12 horas em pé e comendo mal. Fiquei mais quatro dias na cidade e visitei Paris toda a pé. Foi o máximo! Cada rua uma surpresa, cada curva uma ruela escondida cheia de predinhos centenários, jardins inesquecíveis, cafés charmosos e toda aquela beleza que faz de Paris uma das cidades européias mais bem preservadas em termos de monumentos e arquitetura de época. Finalmente pude visitar o Montmartre e seus artistas de rua, Moulin Rouge e Sacré Coeur, lugares que eu não tinha ido nas outras duas vezes em que estive na cidade. Enfim, andar por Paris e conhecer a cidade sem pressa valeu cada dor nos pés e cada café da manhã com pão seco e margarina dura que eu tomei no albergue de 35 euros a diária em quarto privado SEM vaso sanitário, tendo que ir ao corredor do andar de cima fazer pipi no meio da noite! E o barulho da juventude chegando ao albergue às duas da manhã, me tirando do meu soninho merecido.
Fui ao Brasil em abril de 2011 e escrevi um artigo sobre como viajar a Paris gastando pouco para uma revista do Rio. Preciso procurar no computador e assim que achá-lo vou publicar aqui.
Se eu pudesse resumir tudo isso em algumas expressões, seriam: aula de humildade, exercício de paciência, people skills (técnicas para lidar com pessoas), controle do estresse e profissionalismo. Tirei várias fotos no showroom que, infelizmente, se foram quando roubaram meu MacBook. Na ocasião, eu voltei de Paris com a certeza de que teria um blog de moda. Na época, eu postei esse texto em um blog de viagem que eu mantinha desde 2006 e onde já não escrevo mais.
Mal eu podia imaginar que um ano mais tarde eu voltaria à cidade luz já como convidada de um desfile de moda. Ano passado (2012) eu voltei a Paris, mas desta vez para assistir ao desfile de um estilista finlandês. Isto só foi possível graças ao Passaporte do Luxo, que finalmente saiu da minha cabeça e ganhou vida em junho de 2012.
Esse post é um convite à reflexão, não uma crítica.
Estava lendo um artigo na Glamour francesa sobre o porquê de as mulheres não se vestirem mais para agradar aos homens. Resolvi postar minhas impressões aqui.
Vocês já repararam que já faz algum tempo as mulheres parecem ter riscado a opinião masculina de seus cadernos fashion na hora de se vestir?
Não todas, claro, mas a impressão que tenho é a de que a opinião masculina conta pouco e em muitos casos nada na hora das escolhas femininas. E quando falo da opinião masculina, me refiro a namorados, maridos, companheiros ou os caras livres, leves, e soltos, potenciais alvos das demoiselles solteiras.
A prova disso é o número de looks mirabolantes, sapatos horrendos e produções de gosto duvidoso que pipocam em blogs de moda.
Looks que em geral podem não agradam aos homens, mas que rendem à blogueira notinha em revista de moda, título de “criadora de tendência” e elogios mil de amigas e fãs.
O estereótipo da fashionista moderninha pode não render olhares do sexo oposto e até afastar os homens, mas rende título de “it girl”. Entre as celebridades o panorama é parecido, vejam fotos abaixo.
Olivia Palermo
Acho graça quando vejo a foto de alguém super mal vestida com legendas do tipo “Garota de estilo peculiar” ou “O estilo ímpar da fulana de tal”. Por que andar por aí mal vestida agora é “IN”. Ui!
Rosana Arquette, à esquerda, e Paula Abdul, à direita. E então homens, gostam?
Rihanna.
Fale a verdade: seu namorado aprovaria se você deixasse sua casa vestida assim? Vestido de moletom, meia soquete e scarpins azuis…
As mulheres se vestem para agradar as outras mulheres. E os homens nessa história?
E você, se veste para quem?
Ana Paula Schäpers
Cresceu na periferia de São Paulo, mudou para a Suíça, depois França e atualmente mora com seu filho em Munique, na Alemanha. Sempre antenada e buscando o melhor de cada destino, adora partilhar suas experiências com pessoas, explorando o mundo feminino, da maternidade, beleza, moda e decoração. Acredita que luxo é viver com criatividade.
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SOBRE o PL
O Passaporte voltou, sempre interagindo com seus seguidores, com dicas e informações do mundo da moda, beleza, turismo e decoração, com um olhar de quem vive buscando o inusitado!